“As pessoas não compram com dinheiro, compram com o tempo que tiveram que gastar para ter esse dinheiro”
José Mujica caminhando pelo seu sítio
Por Bruno Gontijo
José Mujica, atual presidente uruguaio é uma figura emblemática da simplicidade e do desapego nos dias atuais. Um homem com seu posto, na maioria das vezes viveria com as mais sofisticadas regalias, tendo em volta tudo do bom e do melhor que está disponível no mercado. Mas José Mujica é diferente.
José Mujica, atual presidente uruguaio é uma figura emblemática da simplicidade e do desapego nos dias atuais. Um homem com seu posto, na maioria das vezes viveria com as mais sofisticadas regalias, tendo em volta tudo do bom e do melhor que está disponível no mercado. Mas José Mujica é diferente.
Talvez sua maior ousadia tecnológica seja se arriscar lendo jornais em
seu Ipad. Mas para por ai. Mujica vive em em uma humilde chácara há
cerca de 10 km de Montevidéu, com a proteção de apenas dois policiais em
uma guarita improvisada. Ele vive com sua esposa, que também atua no
meio politico. Mujica descartou o palácio presidencial e até chegou a oferecê-lo como refúgio para os sem-teto. Em troca das muvucas e da barulheira das grandes metrópoles, Mujica preferiu ficar apenas com o canto das aves de seu sitio.
E não ouse rotular Mujica como uma pessoa pobre, já que ele contra-argumenta com a seguinte frase:
“Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o suficiente”
Quando a indústria da guerra enchia seus olhos com um possível confronto
bélico na Síria, Mujica fez a seguinte declaração, conquistando ainda
mais a simpatia do povo:
"Único bombardeio admissível na Síria seria de leite em pó e biscoitos"
Como politico, José Mujica é ousado. Vale ressaltar que o Uruguai é um
país com apenas 3,5 milhões de habitantes, com a agricultura e a criação
de gado como atividades econômicas principais, em que se vive um ritmo
calmo de uma população madura. O país em si é mais famoso pela cultura
do futebol e pelas praias de veraneio. Logo da chegada à Presidência de
José “Pepe” Mujica, ex-guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional
Tupamaros, que passou 14 anos preso durante a ditadura militar, a
primeira lei que chamou a atenção foi a descriminalização do aborto. O
tema da interrupção da gravidez gerou forte oposição de setores
religiosos, para quem o começo da vida se dá desde a concepção. Ainda
assim venceram os que defendem a regulamentação do aborto, quando ainda
não se atinge etapas avançadas da gestação, a fim de evitar procedimentos clandestinos, sem condições sanitárias e com frequentes consequências graves para a mãe, em especial as pertencentes à população pobre. O resultado foi positivo. Em seis meses de legalização, Uruguai não registrou mortes de mulheres que abortaram. Foram realizados 2.550 abortos legais. Uruguai se tornou um dos países com taxas de aborto mais baixas do mundo.
A segunda lei que colocou o Uruguai na vanguarda progressista da América
Latina foi a do matrimônio igualitário, de abril de 2013. A legislação
permite a adoção também aos casais homossexuais e que a ordem do
sobrenome dos filhos seja decidida pelos pais. O Uruguai também fez
possível o ingresso de homossexuais nas Forças Armadas.
A terceira lei que fez voltar os olhos para o Uruguai foi a legalização da maconha,
cujas características da legislação a fazem única no mundo. Já era
possível cultivar e possuir a erva para consumo individual, como em
outros países, mas agora o Estado passaria a controlar produção,
distribuição e venda.
No vídeo abaixo, Mujica fala um pouco sobre a legalização da droga.
Fonte: Folha Social
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