Em junho deste ano,
o Sindicato Nacional das Operadoras de Telefonia e Serviço Móvel
Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) anunciou um sistema de bloqueio de
sinal de celulares piratas que estão em uso no país. São considerados
"xing-ling" os aparelhos que não foram homologados pela Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) e, por isso, não possuem autorização para funcionar legalmente no Brasil.
A
ideia inicial era que esse sistema entrasse em vigor já em março de
2014, mas o projeto deve entrar em operação apenas depois da Copa do
Mundo, que será realizada entre junho e julho do ano que vem. Segundo a VEJA,
o atraso tem um motivo: se o sistema que identifica celulares não
homologados no país começar a operar agora, poderá bloquear os
dispositivos de turistas estrangeiros que virão para o mundial
esportivo.
"Certamente, muitos estrangeiros trarão seus próprios
aparelhos, e o sistema indicaria que esses celulares estão irregulares",
diz Sérgio Kern, porta-voz do Sinditelebrasil. Kern também afirma que
as operadoras de telefonia pediram nesta segunda-feira (16) à Anatel
o bloqueio dos aparelhos com base no cadastro único de códigos
internacionais de identificação de dispositivos móveis (Imei, na sigla
em inglês), uma espécie de código único que todo celular possui. No
entanto, as empresas não querem correr o risco de deixar os visitantes
sem comunicação durante a estada no Brasil.
O sistema que vai
bloquear telefones piratas funciona da seguinte maneira: quando o
cadastro de celulares estiver em operação, será possível identificar
todos os aparelhos móveis utilizados no país - sejam eles homologados ou
não pela Anatel. Assim que o
dispositivo for conectado à rede de uma operadora, o número de Imei, que
também fornece dados como marca e modelho do aparelho, será reconhecido
e comparado com os dados registrados em um cadastro nacional.
A
partir daí, as empresas de telefonia poderão saber se aquele aparelho
está dentro dos requisitos necessários dos testes obrigatórios de
segurança da agência reguladora. Se for identificado que o celular não
passou pelos laboratórios credenciados junto à Anatel,
o aparelho é automaticamente bloqueado pelas empresas. De acordo com o
órgão, mais de 254 milhões de dispositivos estão em operação no Brasil,
mas não se sabe quantos deles estão em situação regular.
Contudo,
é bom lembrar que a medida de bloqueio não vale para boa parte dos
celulares trazidos de fora do país. O Sinditelebrasil disse ao Gizmodo
que aparelhos importados já homologados pela Anatel e que são vendidos
nacionalmente não serão bloqueados - por exemplo, um iPhone 5 ou Galaxy
S4 comprados em outro país não serão inutilizados, já que os mesmos
produtos passaram pelos testes da agência e são vendidos dentro da lei
por aqui. A Anatel define como
não-homologados principalmente os dispositivos sem marca e réplicas de
smartphones populares, além de celulares roubados e revendidos para
terceiros após ter o Imei clonado.
O problema está nos modelos não-autorizados pela Anatel,
mesmo que eles não sejam piratas. Aparelhos que não são vendidos no
país, como os da HTC e do Google - o Nexus 4 já está à venda em lojas
nacionais, mas o ainda não se sabe se o Nexus 5 vai dar as caras -,
podem ser bloqueados porque, mesmo sendo originais, não passaram pelos
testes de homologação.
Apesar dessa questão, que ainda precisa
ser discutida pelas teles, o objetivo do novo sistema é combater a
comercialização de aparelhos piratas que, segundo a Anatel,
é uma das maiores causas de problemas na infraestrutura de rede. Com a
eliminação dos smartphones xing-ling no país, a expectativa é melhorar a
quualidade de sinal, diminuindo quedas de ligações e outros problemas
nos serviços.
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